O processo ensina a perder o controle. Aprender são outros quinhentos.
Eu já sabia que depois que você lança uma história no mundo ela deixa de ser sua. Passa a ser de quem lê. O que estou percebendo é que, mesmo antes disso, ela já não me pertence. Ela avança contra minha vontade, ela vai a lugares que eu preferia não ir, ela pede de mim habilidades que não domino. Como se não fosse eu a criadora, como se ela já estivesse criada, em algum lugar, em algum tempo, e eu precisasse acender fósforo atrás de fósforo para persegui-la na escuridão, fazer o trabalho que vai permitir que ela encontre a pessoa para quem foi feita, em outro lugar, em outro tempo, fora de mim.
Não cabe a mim dizer quando termina. Lembro de uma frase que li numa newsletter da Ariela: “Não é sua responsabilidade terminar o trabalho, mas você também não é livre para desistir dele.” Desistir não acaba sendo uma forma de afirmar que estou no comando, que posso dizer quando parar? Bobagem. Há tanto na vida que escapa ao nosso controle. Contar histórias não é diferente.
Rascunho de três cigarras, Vincent Van Gogh, julho de 1889.
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