Diabão

Há aquela imagem no imaginário de que a consciência é um anjinho de um lado, um diabinho do outro. Vozes dizendo o que fazer, o que não fazer. Descobri que sobre meus ombros é um pouco diferente. De um lado, tenho um diabinho. (o diabinho na minha orelha esquerda, dizendo hello <3). Do outro, um diabão (o diabão com chifres e cara de crocodilo, apenas olhando). O diabinho é uma graça, mas não aquieta um segundo. (o diabinho numa pose muito peralta. Ele tem chifres, peludinho, rabo de camundongo e um rosto de vampiro onde deveria ficar a genital). Só mais um episódio! Bora candy crush! Pensei numa indireta massa, se liga! Pega um chocolate, pô. Dinheiro caralho! Olha só quem te deu RT (o diabinho grita empolgado). O tempo todo ele desvia minha atenção para os prazeres imediatos, para as pequenas intrigas, para as cosquinhas no ego. (tento trabalhar, mas o diabinho no meu ombro dizendo: calorzão da porra! Abre o twitter, pensei num comentário hi-lá-rio). O diabinho adora o Twitter. O diabão fica calado num canto. Quase não se mexe. Só observa. Sob sua jurisdição estão meus desejos profundos, minhas motivações verdadeiras (os quadros dão um close nos olhos de crocodilo bem abertos). Com o diabinho não calando a porra da boca, difícil me concentrar no que quero. Mas o que quero de verdade? Como saber se não é só mais uma armadilha do diabinho? Tento buscar a resposta com o diabão. Mas ele quieto. (close bem próximo do olho do diabão). Pensando bem, tenho medo do que ele pode falar (eu com cara de assustada no final).

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