Este é a parte um de cinco das “Conversas de Papel”, uma série de textos com minhas reflexões sobre a vida na escrita e sobre qual é o meu papel nisso tudo.
Cumprir expectativas é uma armadilha sacana. Principalmente porque o mundo está cheio delas e não é difícil pisar numa por acidente, no caminho. Expectativas que alguém deixou cair. Seus pais. A escola. Você próprio. Algum comentarista furioso e anônimo querendo sentir raiva de alguém. Aquela pessoa amiga que você não tem muita certeza se gostava mesmo de você ou das expectativas (irreais) que criou ao seu respeito. O mercado. Até um algoritmo criado para calcular qual é o melhor tipo de propaganda para te mostrar.
Expectativas.
Delimitam uma fronteira do que é esperado que você faça. Está tudo bem desde que você continue ali, atrás da faixa amarela. Não pise na maldita faixa amarela, eles dizem.
Depois de um tempo, podemos até cruzar os limites, mas a presença da faixa amarela já não nos parece mais estranha.
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Há uns dias, uma discussão no meio literário (pelo menos o da internet; desconheço se chegou às rodinhas de intelectuais que bebem chá, fumam charutos, discutem Flaubert e falam sobre quem vai ganhar prêmio tal; se é que isso existe; acho engraçado pensar que sim; também crio minhas expectativas, vai vendo) retomou uma questão incômoda que no máximo adormece, mas nunca morre: existe uma “alta literatura” que é melhor ou mais inteligente do que a literatura comercial, de entretenimento, dos bestsellers do momento?
Com razão veio a indignação motivada pelo fato de que uma empresa que vende livros, por uma falta de habilidade com as palavras, tenha de alguma forma subestimado quem consome livros de determinado gênero. O preconceito vem de longe e de longa data: livro para jovem é bobo, fantasia não merece ser levada a sério, ficção científica é menor, isso não é literatura “de verdade”, livro assim é pra virar bestseller, não para ganhar prêmio ou fazer pensar.
Da indignação veio todo um movimento para enaltecer esses gêneros. Literatura fantástica faz pensar sim. Livro para jovens é literatura sim senhor. Não tem isso de literatura alta nem baixa, melhor ou pior.
Fiquei assistindo o trem passar, concordando em partes, discordando em outras, mas em geral me aborrecendo com o fato de a discussão orbitar ao redor de ter que defender esse ou aquele gênero, quando é o gênero, o rótulo em si, o que me incomoda, afinal.
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Um dos motivos para eu me interessar por rap é ser um mundo com questões bem parecidas com a da literatura. Em vários aspectos, inclusive. Mas o que cabe trazer aqui é uma discussão frequente sobre o que se espera do gênero e dos artistas que se veem inseridos nele: isso é rap? É rap o suficiente? É menos rap? Quem pode fazer rap? Quando um rap deixa de ser rap? Às vezes as fronteiras não são tão claras de definir. E quem tem o poder para definir isso?
Quem colocou a faixa amarela ali?
Há uma história que ilustra um pouco essa questão. O ano é 2010 e desponta uma talentosa rapper do Queens. O nome dela é Nicki Minaj. Andava com os grandes, mandava umas rimas nervosas. Estavam prestando atenção. Havia um radialista, apresentador de um programa chamado “Realness”. Ele defendia o que considerava o verdadeiro hip hop. Em 2011, chegou a dizer que Nicki podia ser grande. Que poderia ser a (e nem vou traduzir) “best female rapper” de todos os tempos (lembre-se disso). Até que ela lançou Starships. Foi quando o radialista começou a esculhambar Nicki em seu programa. Não, aquilo era pop para garotas de 14 anos. Nicki não pode se dizer rapper fazendo esse tipo de música. Que tipo de música era, aliás?
Ataque aqui, alfinetada acolá. O que estava em jogo, aparentemente, era o rap de verdade. Ele disse ficar aborrecido quando rappers faziam pop, porque começava a borrar as fronteiras do hip hop. Continuou esculhambando a rapper. Inclusive num evento em 2012, no qual Nicki ia se apresentar. Ia. Não gostou dos comentários dele e cancelou a participação, deu ruim pro lado do radialista, contratos quebrados, a arroba dele sendo atacada no Twitter pelos fãs.
Um tempo depois, Nicki foi convidada para um programa de rádio onde confrontou o “guardião do rap de verdade”. Ela não o reconhecia como uma autoridade para julgar o que quer que fosse. Quem é você? Quem é você para me dizer o que fazer?
Rap de verdade. Literatura de verdade. Tem sempre alguém reivindicando o posto de gatekeeper.
“O que não queriam falar em alto e bom som sobre esse debate é que quando se referem a ‘hip hop de verdade’, querem dizer algo agressivo, masculino, urbano, autêntico. Quando dizem ‘pop’, é um código para feminino, que é uma perversão da música, ponto.” (1)
Essa é a hora de lembrar de quando disseram que Nicki podia ser a “best female rapper”. Não “best rapper”. Female. Uma categoria à parte.
Sem entrar no mérito do que acho do som da Nicki Minaj: ainda que ela não fizesse nada que flertasse com o pop, ainda que ela não tivesse como fãs garotas de 14 anos (porque aparentemente o público de um artista pode diminuir a carreira dele apenas por seu perfil; “livro para jovem é bobo”), Nicki ainda seria uma outsider.
Para continuarmos no exemplo do rap, vale voltar pro Brasil e citar Don L, em sua música “Fazia sentido”: “eu lembro do Caetano me entregar um prêmio /de melhor do Nordeste / o que diz sobre isso / porque não tinha uma categoria pro Sul / então era tipo / esmola pra segunda divisão, tru / mas eu nunca comi partido”. (2)
As fronteiras existem, em primeiro lugar, para eleger quem são os forasteiros.
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Um rótulo que não faz nenhum sentido pra mim é o de literatura contemporânea. Que querem dizer com “contemporânea”? Levando ao pé da letra, é aquilo que faz parte do nosso tempo, aquilo que é atual. Assim, toda literatura produzida neste momento sempre será contemporânea, ainda que depois vire outra coisa que caberá ao pessoal do futuro decidir.
Não é bem assim, claro. O que de fato se entende como literatura contemporânea é aquela sobre os dramas da vida adulta, personagens de meia idade cheios de conflitos internos, problemas de família, divórcios, pessoas vivendo suas vidas com um verniz literário foda.
Nada contra, inclusive adoro. É a nomenclatura que acho um horror.
“Contemporâneo” acaba dizendo muito pouco sobre o tempo da obra. Se escrevo sobre um casal em crise, pode até ser literatura contemporânea. Se escrevo sobre um casal de elfos em crise, aí já será literatura fantástica. Se escrevo sobre um casal em crise no espaço, ficção científica.
Que se chamasse “literatura realista”, então.
Não chamam. Porque é a Literatura com “l” maiúsculo, a neutra, a que não deve ser detida em nenhum rótulo. Literatura de verdade.
Gênero é para a Literatura Outra. A que se define em oposição ao que alguém estabeleceu como o cânone, como a literatura pura – que é aquela que pode não vender, mas em compensação os prêmios, o status! Vender, vender mesmo, é mais difícil; a massa consumidora não entende, né?
Na prática, as coisas são sempre muito mais difusas e borradas do que essas divisões tontas sugerem.
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Não sou acadêmica nem crítica. Na escrita, sou artesã. É desse lugar que observo essas coisas todas. É somente desse lugar que posso falar.
Então não me leve a mal se não for o que se discute na academia, que provavelmente deve ser o correto. Sem dúvidas deve existir uma boa razão para esses rótulos existirem dessa forma. Pra ajudar a categorizar e organizar, me disseram. Para ajudar a desenvolver e estudar um estilo?, imagino.
De onde vejo, no entanto, os rótulos servem principalmente ao mercado. Não ver isso de forma pejorativa, por favor. É uma questão bem prática, na verdade. Há uma obra com determinadas características; há um público que tende a preferir essas determinadas características. Definir os gêneros certamente ajuda a conectar esses dois pontos. Facilita o entendimento prévio daquilo que teremos mais chances de gostar, daquilo que teremos mais chances de achar chato, feio, fraco.
Não que o filme tenha muita relação com o papo aqui, mas isso me lembra de uma cena de “I, Tonya”, sobre a patinadora artística que desponta por ser altamente técnica e habilidosa, mas que cai em desgraça por não atender às expectativas que moldaram em torno da figura desse tipo de atleta. No fim, ela chega à conclusão: “Eles querem alguém para amar. Eles querem alguém para odiar. Eles querem que isso seja fácil”. (3)
Nesse sentido, estamos todos buscando uma leitura fácil. Alguém fácil de ler para sabermos logo se vamos amar ou odiar. Se é ou se não é. A indefinição é de matar.
Queremos pertencer; por aceitação ou por contraste. O pertencimento vem principalmente através do consumo. O que compramos e o que vestimos; onde moramos e com quem falamos; o que lemos e o que assistimos. Os rótulos servem bem ao propósito de encontrarmos facilmente nas prateleiras tudo aquilo que vai ajudar a reforçar nossa própria identidade (como fãs de rap, por exemplo, ou como leitores de ficção científica) e a dialogar com pessoas que falem o mesmo idioma das nossas preferências. Assim nós mesmos podemos nos tornar embalagens com rótulos mais definidos, mais fáceis de identificar na prateleira. Mais fáceis de amar.
Algo me diz que os gatekeepers estão tentando proteger bem mais do que uma literatura “de verdade”, um rap “de verdade”, ou uma ficção científica “legítima”. Talvez o esforço seja no sentido de proteger a própria identidade. O direito de pertencer, ainda que a uma categoria de Outro.
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Mary Shelley foi revolucionária ao escrever “Frankenstein; ou o Prometeu Moderno” justamente por borrar tantas fronteiras. Acredito que o mérito dela vai muito além de fundar um gênero: ela estava preocupada em contar uma história.
Quando alguém está realmente empenhado em contar uma história, sai da frente. Não há livro de regras nem faixa amarela traçada no chão que segure.
“O livro transita entre o terror e o fantástico, trazendo elementos de romance, mistérios sobre assassinatos e algumas pinceladas de ciência, refletindo a própria mistura de referências das quais a autora se apropriou: desde o mito de Prometeu até o poema épico Paradise Lost; tal qual Frankenstein, Mary juntou todos esses pedaços e deu vida a uma nova criação”. (4)
Mary Shelley manjava de remix. Imagino que ela gostaria de rap, se chegasse a conhecer.
Mas ai de você, Aline, se não reconhecer que o que ela escreveu foi ficção científica! Sim, sim, claro, escreveu. Mas também escreveu uma história que é terror, que é drama, e que é grandiosa justamente por não se prender a um só rótulo.
“Rótulos se transformam em prisões” e quem está falando não sou eu! Dessa vez é a Ursula Le Guin. Que também já disseram que não escrevia ficção científica o suficiente, não é engraçado? Os gêneros sempre têm seus síndicos. Bem, sobre isso, ela disse: “Quando as características de um gênero são controladas, sistematizadas e empurradas por editoras, editores ou críticos, elas se tornam limitações e não possibilidades. Capacidade de ser vendável, repetitividade e previsibilidade substituem qualidade. Uma forma literária se degenera em uma fórmula” (5)
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De volta ao rap, porque não posso evitar. Ainda mais nos últimos dias, em que Childish Gambino, a persona musical do multi-artista Donald Glover, virou o assunto do momento na internet.
Fiquei muito feliz que tanta gente tenha conhecido o trabalho de Childish, porque dá aquele sentimento gostoso de ter mais gente com quem conversar a respeito.
Ele é um dos artistas que mais me inspiram, justamente por ser tão bom e inovador em tudo o que se propõe a fazer: ele escreve, dirige, atua, compõe, canta, faz stand-up. Conta histórias. Um cara que não se contenta com um único nome não ia parar quieto numa única área de atuação. Rotular um artista desse calibre é tarefa complicada.
Ao mesmo tempo em que Childish tem músicas que compartilham de muitas características do rap, há outras em que quase não dá para definir. Criando uma playlist de rap, me deparei com esse problema. Estava escolhendo minhas preferidas dele: entraram “Sweatpants”, “Hold you Down”, “The Worst Guys”. Mas aí “Redbone”(6). Uma das minhas favoritas. Fiquei na dúvida: não ia destoar da vibe de uma playlist de rap? Que tipo de música era essa?
O rap de Childish mistura uma porção de referências que torna sua música bem diferente do que alguns radialistas poderiam considerar “rap de verdade”. Quer dizer. O mesmo cara que detonou a Nicki Minaj entrevistou Childish, com quem ele foi muito mais gentil, claro. Nessa conversa, Childish disse que seu álbum é pop: “Nunca quisemos fazer um álbum de rap! Rap já era. Acabou. Eu amo hip hop, eu amo rap, mas o que o gênero deveria estar fazendo não faz mais.”
O que ele estava fazendo então? Que tipo de música era essa? O incômodo da indefinição. Ele continuou: “É um movimento diferente. Gosto de pensar que sou um tipo de líder em seja qual for o movimento que está acontecendo agora. Tem quem chame de ’new black’ ou de sei lá o quê, mas eu não quero nomear. Acho besteira rotular, porque assim que se dá um nome é quando a coisa se torna marketing.” (7)
Ah, “Redbone” ficou na playlist sim.
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Enquanto escrevia meu primeiro romance, o “As águas-vivas não sabem de si”, me perguntava se não seria um problema o fato de eu não saber definir que tipo de história era aquela. Eu não fazia ideia de para qual público ela servia, em qual prateleira seria vendida, qual rótulo lhe caberia quando fosse a hora de ser publicada. Eu não sabia, nem queria saber. Pensava que eu tentaria definir isso depois; aquele era o momento de escrever e era em tudo o que eu queria pensar.
Terminei e continuei sem saber o que era aquilo. Era ficção científica? Um pouco, sim, talvez. Mas o suficiente? Afinal, a ciência era um elemento secundário. Era sobre pessoas, eu sabia. Mas não era realista, tampouco.
Se dependesse de mim, ficaria por isso mesmo. Mas faz parte do trabalho da editora rotular, direcionar para um público e coisa e tal. Foi quando o mercado brandiu uma espada sobre meus ombros e declarou que o livro se encaixava em ficção científica. Literatura fantástica. Ok, vamos nessa! Apesar de eu saber que não era exatamente o que esperariam de um livro de ficção científica; mas claro, vamos lá despedaçar algumas expectativas!
Não foi exatamente uma surpresa saber que havia quem não considerasse ficção científica. Ouvi isso tanto de gente que recomendava efusivamente a leitura quanto de gente que se decepcionou. Ou de quem não ia com minha cara mesmo, porque isso também acontece.
Porque veja, definir um gênero é também criar grupos. Espaços de pertencimento. E parecia que minha presença em determinados espaços não era exatamente bem-vinda. Ou como se eu precisasse de benção, autorização ou passaporte para poder fazer aquilo que eu estava tentando fazer. Ignoro os procedimentos de pertencer. E se eu precisava de alguma autorização, bem, era o caso de terem deixado mais claro. Não recebi o memorando.
Então passei a habitar esse espaço estranho do meio do caminho. Ao mesmo tempo em que a editora considerava que o público do livro era juvenil, em muitas livrarias o livro foi parar nas prateleiras do pessoal “adulto”. Tenho minhas dúvidas se isso de prateleira diz qualquer coisa sobre o livro. Numa livraria em que eu estava ao lado de Veríssimo na seção de literatura brasileira, Júlio Verne, uma das minhas referências para escrever “Águas-vivas”, estava na seção infantojuvenil. Nenhum dos dois na prateleira de ficção científica. Vai entender.
Por isso não penso em me encaixar em determinado gênero enquanto escrevo. Não posso. Ou ficaria louca.
De onde estou, as barreiras estão completamente borradas. A história na qual estou trabalhando agora nada tem de ficção científica. Vou estar mentindo se disser que isso não ocupou espaço na minha mente por um tempo. Como fica? Vou ser lida como autora de que gênero? Vou ser chamada para que tipo de evento? Estou “saindo” da ficção científica? Não, saindo não. Eu nunca quis entrar em nada. Estou transitando. Fora das fronteiras, de preferência.
Sei que fugir dos rótulos acarreta um custo. Indefinição não vende. Mas estou no ramo de contar histórias, não no de cultivar expectativas. Não posso me preocupar com isso.
A expectativa é sempre problema de quem as cria.
Eu prefiro criar outras coisas.
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Não, não vai ter conclusão. Call to action. Solução. Proposta. Se veio com essa expectativa, se ferrou.
Talvez uma reflexão: as fronteiras têm lá sua função. Elas precisam existir para quem sejam ultrapassadas. Para surgir algo novo, fronteiras precisam derreter, ser mescladas e misturadas feito massa de bolo formigueiro, virar uma lambança. A bagunça me interessa muito mais do que a definição.
Pra finalizar, na mesma discussão sobre Nicki Minaj e o rap “de verdade”, disseram: “em uns 40 anos, vamos estar tão longe da ‘origem’, que ninguém vai de fato se encaixar de verdade. Mas se você for a pessoa carregando a tocha, eu acho, o ‘gatekeeper’ que vai te validar será o seu coração, esse sentimento de ‘é por isso que eu quero lutar’”. (1)
É o que sai do padrão que permite a evolução.
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Este texto não foi revisado em sobriedade.
Arte da capa: “Gatekeepers”, Aline Valek. Marcador de texto sobre papel.
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Referências:
1. Podcast sobre a treta com a Nicki Minaj https://www.wnycstudios.org/story/straight-outta-chevy-chase/
2. Fazia sentido, Don L https://www.youtube.com/watch?v=aGBeBHo7A8g
3. Cena final do filme “I, Tonya” https://www.youtube.com/watch?v=01cg_d6apxc
4. Trecho do texto em que analiso a obra “Frankenstein” https://www.alinevalek.com.br/blog/2015/11/frankenstein-mais-do-que-horror-e-monstros/
5. Entrevista com Ursula Le Guin sobre gêneros literários https://electricliterature.com/ursula-k-le-guin-talks-to-michael-cunningham-about-genres-gender-and-broadening-fiction-57d9c967b9c
6. Redbone, Childish Gambino https://www.youtube.com/watch?v=Kp7eSUU9oy8
7. Entrevista de rádio com Childish Gambino https://www.youtube.com/watch?v=AjAraMq2y0s&t=333s
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Série “Conversas de papel”
1. Forasteira nas fronteiras da escrita <- você está aqui
2. Problemas de concordância: escrever e ganhar dinheiro
3. A escritora que querem comer viva
5. Em breve
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