Há leitores exigentes. Exigem daquilo que leem. Exigem de quem escreve aquilo que eles leem. E estão certíssimos. É preciso ter critério, valorizar o que tem qualidade, não aceitar qualquer coisa.
Também sou exigente. Mas sou exigente com quem lê. Exijo atenção.
Não exijo ser lida, isso não. Nem é possível. Ninguém é obrigada a ler nada. Nem dinheiro exijo; pagar pelo meu trabalho eu deixo ao gosto do freguês.
Mas uma leitura cuidadosa, feita com atenção, por quem escolhe ler, isso eu exijo.
Mas devo estar errada.
Como assim alguém que disponibiliza de graça seus textos para eu ler pode exigir de mim alguma atenção? Como assim essa escritora pode pensar em escrever de uma forma que me exija algum esforço para interpretar, e não só ler uma letrinha depois da outra? Como alguém pode esperar que eu, se quero ler um texto, também devo prestar atenção ao que ele diz?
Acredito que a leitura é uma postura ativa. Leitura não é receber algo que cai na sua frente e passar o olho nas letras. Decodificar uma mensagem e construir significado é um papel ativo. Exige envolvimento, participação, escuta.
Se escrever é mais do que colocar uma palavra atrás da outra, ler também é. Ou deveria ser.