Ponham reparo em um negócio: sempre que uma mulher resolve escrever sobre um assunto relacionado às mulheres, especialmente com uma abordagem feminista, vai aparecer algum homem invalidando tudo o que ela disse… porque ela não considerou o sofrimento dos homens!
Buá.
Além de ousarem falar de um assunto em que eles não são os protagonistas, essas feministas ainda oprimem os pobres homens com seus blogs fechados para comentários – o que alguns acham uma covardia sem tamanho. Afinal, como vão poder choramingar e cagar regra e tentar silenciar essas mulheres se não puderem comentar em seus blogs? (Só não contem pra eles que muitas feministas nem leem comentários, não importa o quanto eles falem até babar, risos).
“Como pode existir alguém que não valorize a minha opinião de homem? Como pode existir algum assunto do qual eu não possa participar? Como assim eu não posso colocar minha voz acima da de uma mulher?”
Meu recadinho pra esses caras: olha, eu sei que essa nossa sociedade acostumou você a estar no centro de tudo, a ser a medida das coisas, a ter mulheres em busca de sua aprovação. É duro ter suas certezas abaladas e se confrontar com a realidade, mas vamos lá. Preparado? O mundo não gira ao redor do seu pau.
Muitos homens parecem não ter superado aquela fase em que a criança bate o pé pra mãe dar o video-game que ele tanto quer – daí já grandes e desmamados continuam a fazer isso na internet. Vão lá puxar a barra da saia das feministas e choramingar: e eu? E eu? E euuuu? Ou então não superaram a quarta-série e aquela pilha de ser o melhor da turma, já que fazem questão de aparecer de trás da moita gritando “mas nem todos os homens são assim! Eu sou diferente!” Quer uma estrelinha dourada na testa, meu filho? Senta ali no cantinho, senta.
Minha santa periquita, EU SEI que há homens firmeza, apesar dos pesares. Mas estes homens também vão entender que em qualquer crítica que aponte o machismo, estamos falando de uma sociedade, de uma cultura, de algo ESTRUTURAL. E uma estrutura homem-centrada, diga-se de passagem. Então o cara que aparece pra dizer “mas EU não sou assim” está fazendo o quê? Isso mesmo, fazendo com que ELE seja o centro do assunto.
Mas dá até gosto de ver o piti desses caras. Alguma coisa estamos fazendo certo, já que o feminismo é MESMO pra incomodar, especialmente esses filhotinhos-de-machismo. Eles queriam o quê? Um feminismo pra passar a mão na cabeça deles, lavar a louça suja deles e ainda ajuda-los a pegar mulher? Vão peidar na água e fazer bolhas, vão.
O mais engraçado é que esses caras não devem nem fazer ideia da vergonha que estão passando. Ô seu moço, tá todo mundo vendo essa sua insegurança transbordando em forma de críticas às feministas. Tá feio, cara.
Deve ser maneiro ficar aí na Terra do Nunca esperando que os adultos façam as suas vontades porque você é o hominho da casa. Mas vamos crescer, queridinho? Entender que nós mulheres podemos falar do que bem entendermos, inclusive de assuntos dos quais vocês não têm nada a ver?Que caguei mole para o que você gosta ou deixa de gostar ou sobre o quê e como você acha que eu deveria escrever? Que não temos que te agradar? Que você, como homem, tem mais privilégios para pensar do que sofrimentos para reclamar?
Ou vocês podem ficar aí choramingando até definhar, junto com esse senhor patriarcado que vamos derrubar até o último tijolo.
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O site Lugar de Mulher (que inclusive recebeu reclamações de omis perguntando “cadê os textos para os homens?”, ai ai) está com uma campanha ótema: Diga Não ao Homenzinho de Merda. Babacas e machistas que se cuidem, o mundo logo logo vai deixar de ser um lugar amigável e seguro pra eles.
Eu escrevi este texto, mas podia simplesmente resumir tudo isso a este vídeo:
But I’m A Nice Guy from Scott Benson on Vimeo.